22 de junho de 2016

PROPOSTA DE VALOR: POR QUE NÃO COBRO CONSULTA

Proposta de valor porque no cobro consulta

A grande verdade é que já mudei de opinião sobre esse tema algumas vezes, mas seguramente posso dizer que cheguei a uma posição pacífica sobre o assunto que é: não cobro consulta.


Saudações a todos e todas, dando continuidade à série Proposta de Valor na Advocacia trouxe um artigo que há algum tempo tenho trabalhado as ideias. Semana passada (se você perdeu, clica aqui!) trabalhamos conceitos básicos sobre o que é uma proposta de valor a partir de uma questão muito simplória: qual advocacia você quer para si?
Nesta semana, vamos além e trazemos um pouco do viés prático com assunto que é tema de discussão em qualquer roda de jovens advogados. Quando ingressei na advocacia, em março, durante o Curso de Ingresso da OAB/SE(publiquei até uma notícia aqui no JusBrasil), foi um dos temas que uma das palestrantes mais bateu: “cobrem consulta, cobrem consulta”. E aquilo martelava como se fosse um mantra a ser replicado.
A grande verdade é que já mudei de opinião sobre esse tema algumas vezes, mas seguramente posso dizer que cheguei a uma posição pacífica sobre o assunto que é: não cobro consulta.
“O quê? Você é louco? Está ajudando a aviltar a nobre profissão dos advogados!”, certamente muitos de vocês devem estar pensando.
Agora vamos aos argumentos:
O primeiro ponto que me levou a este entendimento foi:aonde eu estou? E quando digo isso, refiro-me geograficamente. Estou numa das capitais do Nordeste, onde esta cultura de pagamento por consultas jurídicas é pouco difundida. E, inclusive, o público geral da advocacia ainda pertence às classes menos abastadas da sociedade. O fato é que quase nenhum escritório de advocacia pratica a cobrança por consultas, logo isso não seria um elemento de diferenciação positivo.
O segundo ponto foi: quem eu sou? Estou com pouco mais de três meses com a carteira da Ordem, no começo da minha história na advocacia. Ainda não possuo nem referência, muito menos autoridade (falaremos mais sobre isso em outros artigos). Não me pareceu inteligente, sendo que não tenho nenhum referencial, cobrar por mera informação.
E então chegamos ao terceiro e principal ponto: qual minha missão? Seja aqui no JusBrasil, onde assinei o “PRO” e respondo casos jurídicos sempre que posso, ou na minha vida cotidiana, tenho como foco passar aquilo que adquiri na minha graduação. Reter conhecimento, para minha linha de pensamento, é algo deplorável.
Certa vez, no mesmo curso de ingresso, outro palestrante disse algo que achei fantástico: “o bom advogado é como um mágico, mostra o resultado, mas não revela seu truque”O que podemos extrair dessa anedota? Que não é o fato de você indicar possíveis soluções jurídicas numa consulta ou dúvida que vai diminuir ou fazer com que o cliente não venha até você.
“Ah, mas os advogados vivem dos seus honorários. Se eu começar a não cobrar pelas consultas eu vou morrer de fome!”
E se você não tiver clientes? Se você não conseguir passar sequer da consulta, pois impôs uma barreira financeira que, culturalmente, é muito difícil de ser quebrada? E aqui entra um ponto fundamental, o advogado precisa saber se posicionar. Precisa mostrar quando uma causa tem viabilidade e quando ela não tem. Tirar uma mera dúvida é algo que nunca me tomou mais do que 10 minutos. Analisar um caso requer, primeiro, uma análise fática e documental. Para isso eu sempre faço atendimentos personalizados, que é a prática do escritório ao qual sou associado.
É preciso saber dizer não a uma causa, quando ela não tem fundamentos jurídicos. Faz parte da profissão. Conheço colegas que pegam qualquer causa em começo de carreira, muitas vezes iludindo clientes com falsas promessas. Obviamente são minoria, mas por ela toda a nossa classe paga.
Já me deparei com casos clássicos de clientes que perpassam sua causa em dois ou mais profissionais e chegam supostamente sabendo mais do que o próprio advogado. Buscando aquele que lhe oferecer o menor preço, pois ele supostamente sabe o caminho jurídico-processual a ser percorrido. Este tipo de cliente, acreditem, também é minoria. E, para eles, é preciso também ter posicionamento.
A advocacia não é mera prestação de serviço, não é relação de consumo. É um múnus público. Um encargo que deve ser feito com responsabilidade e técnica.
O nome “honorário” vem de honra. Quando se assume uma causa, assume-se também a responsabilidade da orientação e boa defesa processual.
Se o cliente não confia, desde o início, no meu trabalho, naquilo que transmito e oriento, não tem porque eu também tê-lo nesta posição.
E são estes os motivos pelos quais eu, particularmente, não cobro consultas.
Nos vemos na próxima semana, não deixem de comentar abaixo, a participação de vocês é muito importante!
Aprofunde seu estudo:

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