A partir do início do século XX, o liberalismo começou a perder força e surgiu o conhecido Estado do Bem-Estar Social, cujo marco inicial é a Constituição Alemã de Weimar (embora a Constituição mexicana de 1917 já trouxesse a mesma linhagem).
Assim, surgem os Direitos de Segunda Geração (ou dimensão), que impõem ao Estado deveres (facere), e não somente abstenções como era proposto pelo liberalismo (direitos de Primeira Geração).
Essa espécie de Estado visava corrigir alguns problemas do liberalismo, sobretudo, a desigualdade social. O papel do Poder Público passa a ser ativo.
Basicamente, cria-se uma ideia de que o Estado deveria ter um papel mais interventivo, retirando de uns para dar a outros, provendo o mínimo para os cidadãos. Cada vez mais esses direitos foram sendo adicionados.
A Constituição Federal de 1988 é um exemplo de Constituição Social, que promete uma série de direitos ao indivíduo e determina que o Estado aja para supri-los.
Mas por que, quase um século depois de seu surgimento, o Estado do Bem-Estar Social ainda não se demonstra eficaz?
Um ponto importante a se verificar é que esse formato cria um Estado intervencionista e oneroso.
Precisa-se ter em mente que o Poder Público, apesar de parecer um ser inanimado, abstrato, não é.
O Estado tem suas vontades determinadas por governantes, os quais, ainda que eleitos, nem sempre têm como interesse principal o bem-estar coletivo.
O modelo de Estado do Bem-Estar social dá poderes ao governante por um motivo evidente: sob o pretexto de resolver os problemas sociais, o Estado passa a ter deveres.
Para isso, ele arrecada mais, faz mais, e óbvio, pode mais. E esse poder, na maioria das vezes, é desvirtuado, porque a democracia em países com uma população menos instruída exige do governante medidas populistas, de curto prazo. Só assim o governante consegue se perpetuar no poder. Logo, os reais problemas sociais não são corrigidos, porque isso exigiria remédios amargos e de longo prazo, não visíveis em um ou dois mandatos.
E mais: se o cidadão tem problemas e o governo se propõe a auxiliá-lo, certamente este indivíduo passa a ser dependente do governante, e o governante não tem o interesse de romper essas amarras. É um ciclo vicioso.
Outro ponto negativo é a comodidade gerada quando o Poder Público se propõe a suprir todas as necessidades individuais. O ser humano precisa de ambição para que se alcance o desenvolvimento. A zona de conforto nunca é benéfica ao indivíduo.
O pior é que essa onerosidade criada por um Estado intervencionista inviabiliza muitas atividades empreendedoras, geradoras de riquezas ao Poder Público.
Não se pode jamais olvidar que o Estado não é capaz de gerar riquezas, ele nada produz, no máximo, distribui a coisa alheia.
Quando o risco é muito alto e a perspectiva de crescimento é baixa, a tendência é que o ser humano procure a estabilidade. Ser empregado passa a ser muito mais interessante do que ser empregador. O resultado é o enfraquecimento da economia interna e uma consequente redução de arrecadação, prejudicando novamente a atuação do Estado, que necessita de recursos para agir.
O cidadão, excessivamente onerado e que já paga para que o Poder Público distribua renda e faça tudo por todos, claro, deixa de auxiliar terceiros. Portanto, até os efeitos disso quanto à personalidade do indivíduo e à vida em sociedade são maléficos.
Passa-se a esperar por um Poder Público ineficaz, que se propõe a fazer tudo, mas não atinge sequer suas finalidades principais. Afinal, quem se propõe a fazer tudo não faz nada a contento.
O Welfare State não alcançou seus objetivos porque a chave de tudo não é o Estado, é a consciência individual que gera riquezas e é capaz de acabar com os problemas coletivos.
A desigualdade social não é um problema; a pobreza e a miséria, sim, são.
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