28 de junho de 2017

COMO ENCONTRAR UM TEMA PARA SER PESQUISADO NA MONOGRAFIA?

Com o final da faculdade ou da especialização vem, além da preocupação com o futuro profissional, a tão temida monografia.

Digo que é “tão temida”, pois muitos alunos a veem assim e não por realmente acreditar ser um bicho de sete cabeças.

Mas o principal de uma monografia (ou um artigo, uma redação ou outros tipos de textos) é achar um tema que lhe seja confortável pesquisar.
Tem que ser algo que te dê prazer de ler, de aprofundar. Não adianta escolher um assunto simplesmente por ser “mais fácil” ou para dar “menos trabalho”. Deve, ao meu ver, ser alguma coisa que está no seu cotidiano e, principalmente, que te incomoda.
É essa “insatisfação” com alguma matéria (tema) que estudamos, que vimos durante o período do estágio, ou até mesmo que vivenciamos socialmente que irá despertar o interesse para a pesquisa e que nos motivará a fazer um trabalho científico, muito além de um simples texto com compilados de posicionamentos doutrinários.
Nesse momento de definição do tema da sua pesquisa é necessário que você pare e se questione sobre o que está ao seu redor, dentro do seu convívio (acadêmico/profissional/social/cultural, dentre outros), e te incomoda, o que faz você ter aquela sensação de que está errado e que precisa ser esclarecido ou reafirmado.
Acredito, inclusive, que a preocupação de achar um tema “inédito” é desnecessária, pois, se o trabalho realmente for feito (e não “comprado” ou copiado), será sempre novo e diferente, tendo em vista que cada pessoa extrai de um mesmo tema conclusões diferentes.
Vou tentar exemplificar:
Um estudante de Direito que faz estágio em uma vara de determinada Comarca tem que se perguntar o que (dentro desse universo jurídico que ele vive) lhe chama a atenção (seja positiva ou negativamente). Pode ser, por exemplo, uma análise sobre um das várias falhas do sistema (falta de servidores, falhas/vícios processuais, atos processuais contrários à lei).
Se a experiência é em um escritório de advocacia, a análise pode ser voltada para posicionamentos jurisprudenciais contrários ao que você entende como correto, ou seja, qual a interpretação dada pelo Judiciário a um tema que lhe interesse, seja profissionalmente ou academicamente.
No caso de ter experiência na área criminal e você é contrário à pena de prisão, tente buscar alguma coisa voltada para ineficiência do sistema prisional ou sobre a dignidade humana do preso, por exemplo.
Mesmo se você nunca estagiou, pegue algo visto na teoria (durante a faculdade) e procure, no meio social, o que você percebe que, na prática, não condiz com o ensinado ou, então, que seja realmente um reflexo daquilo passado em sala de aula, como no caso da questão das drogas e a influência delas (seja pelo consumo, pela venda, ou pela guerra do Estado contra o tráfico) para a atual crise social que vivemos.
No meu caso, quando terminei a graduação, a situação prisional no meu Estado era caótica, com os presos amontoados uns sobre os outros, detidos em contêineres deixados ao sol (conhecidos como microondas), os quais chegavam a temperaturas extremas. Essa situação me incomodava muito e resolvi pesquisar, como tema de monografia, sobre a terceirização no sistema prisional e se, mesmo nesse modelo capitalista e industrial que é essa modalidade de terceirização, poderia haver uma garantia da dignidade humana do preso de uma forma mais eficaz do que vinha ocorrendo.
Já quando estava na pós-graduação de Processo Civil, já advogando, impetrava bastante mandado de segurança para a reincorporação de verbas na remuneração de servidor público, sendo que as liminares pleiteadas eram, na grande maioria dos casos, indeferidas, sob alegação de que a reincorporação de valores (conforme requerido) era o mesmo que aumento ou extensão de vantagens e que, portanto, seria vedada a concessão da liminar pela própria Lei do mandado de segurança (artigo § 2º, Lei 12.016/09).
Assim, como acreditava que reincorporação de verbas era diferente de aumento ou extensão de vantagens, resolvi fazer uma pesquisa sobre essa diferença doutrinária e qual era o entendimento dado pelo Tribunal estadual. Inclusive, esse trabalho me rendeu uma publicação como artigo no CONPEDI1, intitulado “AS HIPÓTESES DE VEDAÇÃO DE MEDIDA LIMINAR SOB A PERSPECTIVA DA REINCORPORAÇÃO DE PROVENTOS: ANÁLISE DAS DECISÕES DO TJ/ES”2.
Por último, na especialização em Ciências Criminais, por atuar diretamente na área penal, dentro da Justiça, resolvi analisar o perfil das pessoas presas em flagrante e se tal informação corrobora a teoria da seletividade penal.
Veja que sempre busquei temas e problemas relacionados com o meio em que estava, de modo a facilitar o estudo e a escrita.
Enfim, os exemplos de como encontrar um tema para ser pesquisado são muitos, mas repito: tente escrever sobre algo que esteja no seu campo de vivência e lhe gere um sentimento de inquietação, pois dessa forma você terá uma facilidade muito maior na produção do texto.

Aproveito para te convidar a acessar o meu blog, basta clicar aqui. Lá você encontrará textos como esse e muito mais.
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Não esqueça de comentar, mesmo que não tenha concordado com o texto, sua opinião é muito importante e devemos dialogar para chegar a uma conclusão harmônica.
Um grande abraço

1 PROCESSO E JURISDIÇÃO II: XXIII ENCONTRO NACIONAL DO CONPEDI

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